O ser humano foi feito para viver no que costumamos chamar de Paraíso. Todas as leis do funcionamento das células mostram que se o nosso organismo e nosso DNA não tivessem corrupções (mau funcionamento e quebras), viveríamos muito mais do que hoje.
Houve uma queda na humanidade que corresponde, no sentido psíquico, à quebra na vontade das pessoas – uma inversão causada pela inveja, no sentido de não querer e não aceitar a bondade, a beleza e a verdade.
O mais importante que a pessoa precisa ver, é que ela própria é sua maior inimiga
É o inimigo dentro de nós que puxa o nosso tapete, que nos faz ficar doentes quando estamos fazendo alguma coisa boa, sofrer um acidente ou até mesmo morrer. Esse era um estudo que Freud fazia, sobre a síndrome da pessoa com sucesso que, ao atingir o êxito, faz alguma coisa para destruir tudo. É a síndrome, por exemplo, da mulher que quer engravidar e nunca engravida – e o que ela mais deseja na vida é ter um filho. Então, adota um e, pronto, fica grávida.
Tudo isso se passa despercebido, mas são proibições que o ser humano faz àquilo que ele mais quer – o bem que ele mais aprecia é o que ele mais ataca e se proíbe. Por exemplo, a pessoa está na praia, namorando ao pôr do sol, com uma paisagem linda, e os pensamentos que passam na cabeça dela são: “O que eu vou fazer amanhã? Tenho contas para pagar; eu estou muito gorda; seria melhor se eu estivesse em outro lugar”, ou seja, não aproveita onde está e tem pensamentos negativos.
O ser humano é uma fábrica de pensamentos negativos
E para mudar isso devemos conscientizar essa inveja, essa inversão para podermos trabalhar com elas. E, no fundo, todas as pessoas são assim.
A maior de todas as inversões: “eu quero o meu bem” No geral, as pessoas acham, no plano da consciência, que querem o bem para si mesmas. Mas, na realidade, inconscientemente não querem. Porque se quisessem o bem, nunca colocariam um cigarro ou uma gota de álcool na boca. Não dormiriam tarde, não mentiriam, não agrediriam os amigos e não seriam preguiçosos nos estudos ou no trabalho. Se quiséssemos o nosso bem, faríamos tudo ao contrário do que fazemos.
Se fizéssemos a experiência de deixar livre a nossa vontade, para fazer tudo o que quiséssemos, em menos de uma semana estaríamos mortos. Eu digo aquela vontade espontânea, não a consciente, porque a consciência é que nos breca e corrige a vontade deturpada. Entretanto, a consciência é o que mais rejeitamos, é do que mais fugimos e o que mais escondemos.
Quase todos preferem se alienar: “Chega, não aguento mais, deixa eu pegar uma praia, deixa eu esquecer meus problemas e refrescar a cabeça”. É ótimo ir à praia, fazer exercícios, ter contato com a natureza, mas se a pessoa age no sentido de esquecer e se alienar, ela volta na segunda-feira muito mais cansada do que saiu – e carregando os mesmos problemas.
Assim, repensemos nossas atitudes para ver se, na “prática”, estamos de fato fazendo tudo para o nosso bem e da humanidade.
Cláudia B. S. Pacheco, Extrato do livro Medicina Psicossomática Trilógica: Saúde Integral
Psicanalista e escritora, com 12 livros publicados. Vice-presidente da SITA, presidente e fundadora da Associação Keppe & Pacheco e da STOP a Destruição do Mundo.